Degustações na SBAV têm sempre um ar de encontro de amigos. Além de excelentes vinhos, a troca de experiências e opiniões entre seus participantes costumam render ótimas conversas e muito aprendizado.

Niels Barson CEO Hannover Viva o Vinho

Niels Bosner, CEO da Hannover

Ontem (9 de agosto) foi a vez de recebermos a visita da Hannover, importadora de Porto Alegre (RS), que nos brindou com ótimos vinhos da Viu Manent. Não foi a primeira visita deles, espero que também não tenha sido a última, mas dessa vez eles inovaram promovendo uma mini degustação vertical, trazendo três rótulos de duas safras diferentes.

Esse é o tipo de degustação em que é possível perceber claramente as diferenças entre safras, e não estamos falando apenas do tempo. Vamos lembrar que há inúmeros fatores que influenciam uma safra, como insolação, chuvas, vento, condição do solo, possibilidade de problemas de colheita, em suma, uma safra nunca será igual a outra. Além disso, a indústria vinícola evolui e se transforma constantemente, acompanhando tendências de gosto do público e aprimorando seus produtos.

Durante sua apresentação, Niels Bosner, CEO da Hannover, destacou a história da Viu Manent, sua preocupação com a qualidade e até algumas curiosidades.

Sempre bem humorado, ele coordenou a degustação, fazendo dupla com Gilberto Medeiros, presidente da SBAV-SP. Ele trabalharam muito para que a maior quantidade de opniões fosse ouvida e o resultado foi realmente muito bom.

Os Vinhos

Viu Manent Single Vineyard Cabernet Sauvignon

Viu Manent Single Vineyard Cabernet Sauvignon 2006 e 2012

Foram três rótulos diferentes, três varietais de castas marcantes: Cabernet Sauvignon, Malbec e Carménère. Foi uma ótima ideia ver como cada casta reage à ação do tempo.

Cabernet Sauvignon – Ela tinha de ser a primeira

Começamos com o Viu Manent Single Vineyard Cabernet Sauvignon 2006 e 2012.

A diferença entre os dois estava gritante. O mais antigo ainda estava com os aromas um tanto alcoólicos e eu preferi aguardar que servissem o mais novo, acompanhar um pouco mais a palestra, para depois então experimentá-los em sequência.

A estratégia se revelou correta. Bastaram apenas dez minutos na taça para o álcool diminuir muito e eu poder apreciar o que seria um dos melhores vinhos da noite.

Muito maduro, encorpado, um vinho para apreciadores de vinhos mas antigos. Alguns chegaram a comentar um toque que lembrava vinhos fortificados, tanto nos aromas quanto no paladar, e eu tive de concordar.

O 2012 era outro vinho. Muito mais frutado, mas redondo, com taninos elegantes. Houve quem preferisse este, mas aí é que reside a beleza do mundo dos vinhos.

Uma diferença entre os dois é que o 2006 possuía 14,7% de álcool e tinha em sua composição 14% de Malbec. Já o 2012 possuía 14% de álcool e era 100% Cabernet Sauvignon.

Um Malbec… Chileno (?!)

Seguimos adiante com um vinho diferente, um Malbec chileno e proveniente de vinhas com mais de 120 anos! Conta-se que esta uva primeiro chegou no Chile para depois migrar para a Argentina. Quem diria?

Viu Manent Single Vineyard Malbec

Viu Manent Single Vineyard Malbec 2007 e 2012

Os vinhos também eram da família Single Vineyard, o que permitiu uma comparação bem interessante entre safras e castas. Degustamos o Viu Manent Single Vineyard Malbec 2007 e 2012.

A primeira impressão foi a de serem vinhos elegantes, muito diferentes dos Malbecs de Mendoza, Argentina. Não foi nossa primeira experiência com um Malbec chileno. Em 2015, tomamos um Santa Helena Vernus Malbec 2008 no aniversário da Renata e curiosamente tivemos a mesma impressão. Você pode conferir no post.

Entre vários comentários, um deles chamou a nossa atenção. Um dos presentes destacou a grande diferença entre o Cabernet Sauvignon 2006 e o Malbec 2007. Ficou marcante: o primeiro estava “explodindo” aromas e sabores diferentes, enquanto que o segundo parecia ter perdido uma parte preciosa, principalmente, de aromas com o passar dos anos. Tema da nossa reunião de confraria deste mês, realmente a Cabernet Sauvignon tem como característica sua grande capacidade de guarda e evolução.

Nesse caso, os dois vinhos são 100% Malbec.

Degustação de chilenos tem de ter Carménère

Fechamos a noite com um grande vinho, o El Incidente Carménère 2007 e 2010. Um vinho especial produzido a partir da uva emblemática do Chile.

El Incident Carménère - Degustação SBAV/SP Viva o Vinho

El Incident Carménère 2007 e 2010

Já citei antes que a casta Carménère não é minha favorita por conta do toque herbáceo, muitas vezes exagerado para mim. Porém, em nosso evento de julho de 2016, quando o tema foi o Chile, pude comprovar uma grande evolução nos produtos, com Carménères que realmente surpreenderam pela elegância e controle dessa característica.

Este Carménère é um grande vinho e como tal possui características únicas.

Extremamente elegante, é um vinho de bom corpo, muito aromático, bonito na taça, extraordinariamente brilhante, principalmente quando pensamos que o mais novo era um 2010.

Quando falei sobre a diferença de safras, essas duas estavam muito diferentes e por uma mudança de forma de produção.

O 2007 é notoriamente mais amadeirado, possui corpo mais denso e estrutura muito complexa. Isso se deve, principalmente, pela passagem de 21 meses em barricas de carvalho francês de primeiro uso (97%) e da presença de 10% de Petit Verdot e 5% de Malbec.

Já o 2010 é mais frutado e apresenta uma estrutura mais leve, para alguns presentes mais elegante e menos pesado. Sua passagem por barricas é mais rápida e diferente: são 16 meses, sendo 70% em barricas francesas de primeiro uso e 30% de segundo uso.

Degustação vertical é diversão na certa

Por essas e outras gostamos muito de degustações verticais, em que se provam vinhos de mesmo rótulo, mas de diferentes safras. Vale muito a pena realizar uma pequena pesquisa e ter à mão a ficha técnica dos vinhos.

Fica a sugestão: convide amigos e monte a sua. A diversão é certa.

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