Uma oportunidade única: degustar vinhos de diferentes regiões da Itália como Ligúria, Toscana, Vêneto e Sicília. Foi com esse convite incrível que fomos à SBAV realizar uma degustação comandada pelo italiano Giuseppe Peluso, sócio da L’Aretuseo Importadora e apaixonado pelo Brasil, e pelo sommelier Rodrigo Gonçalves Carvalho, formado pela Universidade de Barcelona, na Espanha.

Localizada em Catanduva (SP), a L’Aretuseo é especializada na importação e distribuição de vinhos da Toscana e Ligúria, com produção da Arrigoni Wine Family. Com um foco muito forte na exclusividade e qualidade das uvas, a empresa comercializa vinhos com castas ainda pouco encontradas no Brasil, como a Vermentino e a Cigliegiolo.

“Nosso foco é importar produtos que tragam, além da qualidade das uvas, o amor pela terra em que foram produzidos”, diz Giuseppe, que faz o elo entre o Brasil e vinícolas com mais de 100 anos de existência em regiões antigas e de alta qualidade, como a Ligúria, no norte da Itália.

Além da qualidade, a L’Aretuseo, busca produtos de preço acessível. Para isso, a empresa também compra uvas de pequenos produtores italianos e realiza a vinificação em uma fazenda em San Gimignano, na Toscana, com o auxílio do enólogo Frederico Sadrin, que realiza assessoria para grandes produtores da região.

Grande variedade de castas

Degustação L'Aretuseo na SBAV

A degustação se iniciou com um Terre Di Mare Carugioum vinho seco branco da região da Ligúria, produzido em pequenas cidades localizadas aos pés das montanhas, chamadas Carugio. O vinho é um blend das uvas Albarola (uma uva típica dessa região), Trebbiano e Vermentino.

É um vinho fresco e suave, com a acidez típica dos vinhos brancos, e um pouco cítrico. Giuseppe o definiu como um “vinho de piscina”, um bom substituto para a tão consumida cerveja no Brasil. Pode ser tomado sozinho, mas também acompanha um prato de salada ou frutos do mar, alimentos tradicionais da região em que é produzido.

Vinhedos em San Gimignano

Vinhedos em San Gimignano

Os vinhos da Ligúria, como é o caso do Carugio, devido às baixas temperaturas, costumam ser menos ácidos devido à baixa concentração de açúcar nas uvas, algo em torno de 2 gramas por litro de vinho. No entanto, devido à alta mineralidade do solo, causada pela presença do mar e da salinidade, acabam sendo um pouco mais cítricos, mas sem exageros.

O segundo vinho da degustação foi o Nero D’avola I.G.T. Terre de Sicilia, um tinto de coloração forte e aroma frutado. Sem passagem por madeira, é um vinho leve e perfeito para acompanhar pratos como carnes temperadas e queijos envelhecidos, mas combina com qualquer tipo de refeição. Por ser um vinho mais leve e agradável, é um vinho fácil de beber, que pode ser consumido em uma roda de amigos.

Durante a discussão, Giuseppe focou muito na importância de se criar uma cultura do vinho mais forte no Brasil. Pensamos muito nisso durante nossa viagem pelos wine bars em Berlim e Portugal, países em que o consumo de vinho é muito forte, similar ao da cerveja aqui no Brasil. É interessante observar como se podem encontrar vinhos baratos e de qualidade em ambientes relativamente simples, sem todo o glamour que muitos imaginam. A idéia de uma cultura do vinho mais forte no Brasil não está tão distante quanto se imagina.

Vinhedos na Toscana

Vinhedos na Toscana

Seguindo a degustação, o terceiro vinho foi o Toscana Rosso, outro tinto, um I.G.T. da região da Toscana produzido com as uvas Sangiovese, Malvasia e Prugnolo, uma casta da região muito difícil de ser encontrada sozinha e que traz cor ao vinho. Possui uma expressão básica dos vinhos que se encontram na região da Ligúria, com corpo intenso e uma cor rubi não tão intensa como em outros tintos.

O Toscana Rosso é um vinho extremamente gastronômico e leve, tendo participado em concursos e surpreendido os jurados por ser consideravelmente barato mas harmonizar até mesmo com as comidas mais temperadas e pesadas. Isso nos faz pensar em como muitas vezes as pessoas levam o preço do vinho em consideração para dizer se ele possui qualidade ou não, mesmo sem conhecê-lo.

Após o Toscana Rosso, partimos para o quarto vinho, um Veneto Cabernet Sauvignon, também da região da Toscana. Ao provarmos, sentimos um aroma de chocolate, caramelo, ocasionados pela vinificação realizada em tonéis de madeira eslovena ou francesa de mais de 2600 litros.

A seguir, o Chianti Colli Senesi Poggio Al Vento, um vinho fantástico envelhecido em tanque de concreto e que, de acordo com o próprio Giuseppe, é o melhor produto que a L’Aretuseo possui no portfolio. Seu nome vem do processo de produção, nas partes mais altas das colinas, onde ocorre uma ultraexposição ao sol e aos ventos, deixando a uva desidratada e carregada, nas condições ideais para um bom vinho. Isso permite que ele seja produzido 100% com Sangiovese e tenha uma textura e coloração fortes, com um aroma que mistura toques de amora e framboesa.

Chianti Colli Senesi CaulioPor fim, o último vinho da degustação foi um Chianti Colli Senesi Caulio, também tinto originário da região da Toscana. É um blend contendo 90% de Sangiovese, 5% de Malvasia Nera e 5% de Syrah, que torna o vinho mais doce, em conjunto com o envelhecimento em madeira francesa.

O Caulio é um vinho com coloração forte e aromas doces, lembrando frutas vermelhas e baunilha. Combina com pratos que contenham carnes vermelhas e possui um toque frutado e saboroso. Com certeza uma experiência diferente!

Os vinhos italianos com certeza são únicos! As diferentes regiões e a geografia particular de cada uma proporcionam novas formas de plantar e cuidar das uvas para produzir vinhos singulares e de alta qualidade. Cada um dos vinhos degustados merece um lugar na adega.

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