Se nas castas brancas a Fernão Pires é a rainha dos Vinhos do Tejo, nos tintos esse título cabe à Castelão, que ganha no terreno com área de vinha plantada e nos vinhos, a marcar presença em 80% dos lotes de vinhos tintos. A somar o facto de estar a voltar a ser uma variedade trabalhada em estreme. São já cerca de 20 as referências com origem na região, sete das quais estreadas desde o outono passado. Falamos de três rosés – Bathoreu; Casa da Atela Castelão e Chícharo – e quatro tintos – Casal das Freiras Vidal x Niepoort Castelão; Companhia das Lezírias Séries Singulares Castelão; Espargal de D. Luís Reserva; e Anunciada Velha.
Com perfis bastante distintos, mesmos dentro das categorias rosé e tinto, são a prova de que esta é uma casta, mais uma vez e à semelhança da Fernão Pires, com muita plasticidade, que advém do terroir, mas também da capacidade de interpretação e até inovação de quem a trabalha enologicamente falando. Não em estreia, mas há nos Vinhos do Tejo um Contracena branco e um espumante Monge, ambos Blanc des Noirs. Nos rosés, de origens saltitantes – Aveiras, Alpiarça e Tomar –, também a cor, de pálida a bastante acentuada, faz denota a variação dos perfis.
Produzido pela AgroBatoreu, em Aveiras de Cima, o Bathoreu rosé 2022. Com uma imagem muito clean e elegante, no rótulo, é um rosé de cor rosa-pálido, cujo perfil surpreende pela frescura, intensidade de fruta no aroma e elegância e finesse de boca, a pedir comida. Subindo na região dos Vinhos do Tejo, paragem na Quinta da Atela, em Alpiarça, para conhecer o novo Casa da Atela rosé 2022, da autoria do renomado enólogo António Ventura e feito com Castelão de uma vinha com 73 anos de idade, plantada em solos pobres e bem drenados. Um rosé fermentado em inox (75%) e barricas de 500 litros usadas (25%), com bâtonnage, durante 120 dias. De cor salmão e aromas bem definidos de frutos vermelhos e pequenas bagas com algumas notas frescas de menta, apresenta boca fresca e equilibrada, com acidez moderada, bom volume e boa complexidade final. Olhando para Tomar, terra situada no terroir Bairro, mas assumidamente um micro-terroir com solos pobres e com presença de xisto, é curioso verificar que ao Chícharo rosé 2022 (Alveirão) – de cor muito suave, salmonada pálido, nariz fino e discreto, alguma fruta, frescura e elegância em boca –, se juntam dois tintos, o Anunciada Velha e o Casal das Freiras Vidal x Niepoort Castelão. Nota para a enologia comum dos dois primeiros, a cargo do jovem João Nunes.
O Casal das Freiras Vidal x Niepoort Castelão tinto 2022 é a mais recente destas novidades e resulta de uma parceria entre a família Vidal e o carismático Dirk Niepoort, homem do Douro e do mundo. Após vindima manual, e para potenciar a frescura e acidez, as uvas fermentam com engaço parcial, em cuba inox com temperatura controlada. Concluída a fermentação, estagiou parcialmente em barricas de carvalho francês, seguindo-se três meses em garrafa. Um DOC Do Tejo fino e de tanino fresco e elegante, acidez marcante e baixo teor alcoólico (11,5%), desenhado para dar prazer até no verão. O Anunciada Velha tinto 2021 tem origem numa propriedade familiar, dos mesmos donos da Quinta do Morgado do Quintão, no Algarve, estando reservado a mil garrafas, de um tinto com corpo, onde se destaca a fruta vermelha e a pimenta, envoltas numa acidez que suaviza este todo, e que faz adivinhar boa evolução em garrafa.
Com uvas originárias na vila da Golegã, o caso do Espargal de D. Luís Reserva tinto 2021, da Casa Agrícola Rebelo Lopes, produtor dos vinhos Zé da Leonor, sucede ao 2020, ambos lançados em menos de um ano. De cor granada média, tem um aroma elegante a ameixa, tabaco e a especiarias da barrica usada. Na boca, tem corpo médio, taninos firmes e finos, textura e frescura cativantes.De Samora Correia, chega-nos a primeira referência de Companhia das Lezírias Séries Singulares, um Castelão tinto de 2021 da autoria de David Ferreira, eleito enólogo do ano na Gala Vinhos do Tejo 2023. De cor rubi, com pouca densidade ótica, este vinho tem uma cor elegante e com a laivos violáceos. No nariz, o aroma é fresco e rico em notas de fruta fresca, do tipo morango e framboesas, típicas da casta. Ligeiramente mineral e selvagem, com notas vegetais e de especiarias como a canela e cominho, é um tinto elegante e fluido, com presença de taninos do engaço dando uma prova fresca e tensa. Acaba muito frutado ainda com remanescências da fermentação com cachos inteiros.
Monocastas de Castelão do Tejo – Novidades 2022/2023
- Bathoreu rosé 2021 (Agro-Batoréu) – €6,00
- Casa da Atela Castelão rosé 2021 (Quinta da Atela) – €11,50
- Chícharo rosé 2022 (Alveirão) – €12,00
- Casal das Freiras Vidal x Niepoort Castelão tinto 2022 – €15,00
- Companhia das Lezírias Séries Singulares Castelão tinto 2021 – €25,00
- Espargal de D. Luís Reserva tinto 2021 – €13,00
- Anunciada Velha tinto 2021 – €41,90
Nota: Por ordem de prova sugerida pelo sommelier Rodolfo Tristão, consultor da CVR Tejo.