O mercado de vinho português foi um caso de sucesso no contexto de pré-pandemia, mas tem sofrido com o encerramento do on trade e com a falta de turismo durante a fase pandémica. Espera-se que o vinho recupere fortemente nos próximos cinco anos. Num mundo pós-Covid, o desafio para os proprietários de marcas de vinho passa por manter a sua relevância e valor.

O mercado vitivinícola português teve um impulso positivo na década de 2010, com o volume a aumentar de forma constante, liderado pelo crescente interesse nos vinhos nacionais, e com o valor igualmente crescente (embora a partir de uma base relativamente baixa). O impacto do Covid-19 levou à redução do volume em todas as categorias de bebidas alcoólicas, e o vinho não foi exceção. No entanto, o preço por garrafa continuou a aumentar durante a pandemia – como aconteceu com outros mercados, refletindo uma tendência mais ampla de economias de bloqueio sendo reaproveitadas para as pessoas se mimarem e, portanto, haver uma premiumização da categoria.

Que tipo de mercado de vinho vai regressar a Portugal quando a pandemia recuar?

Até agora, os sinais são mistos. O volume de vinho recuperar-se-á, mas a tendência de premiumização pode diminuir à medida que os aumentos do custo de vida começam a surgir. Já a indústria do turismo apresenta uma possível recuperação, mas a “cautela acerca do Covid” entre os viajantes a lazer conterá os números.

O gasto por garrafa de vinho no mercado português tanto no off como no on trade tem aumentado de forma constante nos últimos 3 anos. Uma minoria de consumidores vê o vinho como uma bebida cara, e esta proporção aumentou desde o Covid. O aumento do gasto por garrafa, aliado à diminuição do volume, também é uma tendência presente em muitos mercados.

Os consumidores de vinho portugueses estão a envelhecer, pois o encerramento do on-trade durante o Covid prejudicou o número de consumidores mais jovens. Na verdade, os enófilos mais velhos são geralmente mais conscientes do valor e tendem a experimentar menos quando comparados com os consumidores mais jovens, assim como são menos propensos a ver o vinho como um contributo para melhorar o estilo de vida.

O aumento a curto prazo no número de consumidores maduros de vinho (com mais de 65 anos) pode ser parcialmente responsável pela diminuição do envolvimento no vinho, com os consumidores do mercado português a gostarem menos de experimentar nas suas seleções e a estarem menos ligados à categoria.

Níveis de envolvimento vitivinícola em Portugal

Envolvimento com vinho: tracking

Tabela Envolvimento com vinho tracking | Viva o Vinho

Atitude em relação ao vinho: tracking

(% que “concorda” ou “concorda totalmente” com as seguintes afirmações)

Tabela Atitude em relação ao vinho tracking | Viva o Vinho
Ao mesmo tempo, as grandes empresas de retalho preparam-se para disputar a atenção dos consumidores portugueses de vinho. As marcas exclusivas dos grandes retalhistas têm vindo a crescer em importância em Portugal e apresentam níveis de notoriedade e utilização cada vez mais semelhantes às marcas mainstream. Muitos retalhistas confiam mais em vinhos de rótulos exclusivos a preços mais altos para impulsionar o tráfego, o que pode ameaçar as principais marcas.
Este texto é uma tradução e adaptação do artigo original da Wine Intelligence

Comentários