Marcas como Henkell Freixenet e a importadora Cellar Vinhos apostam em novos rótulos a partir de análise de comportamento de consumo
A Sociedade Vegetariana Brasileira estima que existam hoje cerca de sete milhões de brasileiros que seguem um estilo de vida pautado pelo veganismo. Baseado nas tendências globais, podemos esperar ainda um grande crescimento deste número nos próximos anos. Desde 2004, as pesquisas globais no Google por termos relacionados ao veganismo tiveram um aumento de 521%. A Henkell Freixenet, maior produtora de vinhos espumantes do mundo, vem investindo no lançamento de rótulos veganos, assim como a Cellar Vinhos, importadora conhecida pela sua curadoria exclusiva de pequenos produtores orgânicos, buscando ampliar o portfólio de produtos que atendam a esta demanda.
De maneira geral, os consumidores se preocupam cada vez mais em conhecer os ingredientes dos produtos que adquirem. Essa preocupação não fica de fora do consumo de vinhos. Apesar das leis de rotulagem não exigirem listar tudo que é adicionado ao vinho, os consumidores mais antenados estão sempre pesquisando sobre o assunto.
Um fato curioso é que na produção de um vinho, comercial ou não, podem ser utilizados diversos elementos de origem animal. Alguns são muito comuns e usados há séculos no processo de clarificação, como a clara do ovo, e outros mais atuais como o Isinglass, similar ao colágeno, retirado da bexiga natatória seca dos peixes, além da caseína e gelatinas.
Apesar disso, não é incomum um vinho ser vegano, já que muitos produtores são menos intervencionistas e utilizam processos naturais de clarificação ou elementos de outras procedências, como a bentonita (base de argila), carvão ativado, PVPP (polímero sintético) e até mesmo algas marinhas. Sendo assim, é totalmente possível fazer vinho somente com uvas fermentadas e é comum encontrar no contrarrótulo de alguns vinhos a informação “não filtrado / não clarificado”. Existem muitos produtores e especialistas que preferem o vinho dessa maneira, já que em qualquer processo alguma coisa original se perde, até mesmo aromas e sabores.
Hoje em dia, existem selos de certificação vegana e produtores que mesmo sem o selo declaram que não utilizam nada de origem animal. Em 2021, a Henkell Freixenet foi reconhecida como fabricante de vinhos veganos pela certificação europeia V-Label. Ter o selo estampado nas garrafas facilita o processo de compra do consumidor, mas os produtos da marca já eram veganos mesmo antes de conquistar o título. “Esta certificação é reconhecida internacionalmente e apoiada por organizações como a alemã ProVeg Internacional, mostrando o comprometimento da marca com a inovação e adequação aos tempos atuais, trazendo ainda mais relevância”, conta Fabiano Ruiz, Diretor da Freixenet no Brasil.
A empresa contabiliza 70 rótulos no portfólio. Dentre eles, 13 possuem certificado vegano, 20 são produzidos de forma vegana, mas as vinícolas ainda não foram certificadas e outros 6 que ainda não chegaram ao Brasil já estão sendo engarrafados com certificado.
A importadora Cellar Vinhos vem investindo na variedade de seu portfólio de vinhos veganos, sentindo essa demanda de seus consumidores. “Hoje buscamos pequenas vinícolas de diversos países que focam em uma produção de vinhos não filtrados e não clarificados ou usam elementos de origem vegetal para estes processos. Dessa forma, criamos uma curadoria de vinhos veganos que trazem diferentes experiências de degustação para os nossos clientes”, comenta Rodrigo Malizia, CEO da Cellar Vinhos. “Como sempre optamos por estes pequenos produtores naturais, com vinhos que expressam o seu terroir e que possuem menos processos e manipulação possível, naturalmente iremos incluir cada vez mais vinhos veganos. em nosso portfólio A tendência é que esses rótulos venham a obter certificações para informar o consumidor sobre a produção vegana”, conclui.