Como amante de vinhos há muitos anos, tive a oportunidade de experimentar alguns muito especiais. O Pêra-Manca foi um deles. Hoje vou falar sobre um ícone na América do Sul, o Almaviva.

Recentemente, tive três oportunidades de aproveitá-lo. Foram três comemorações, três momentos especiais, exatamente quando um vinho desses está lá, engrandecendo o evento.

História

Como todo vinho emblemático, o Almaviva possui uma história relacionada ao desejo dos produtores de fazerem algo diferente, especial. O vinho surgiu da parceria firmada em 1997 entre a francesa Baron Philippe de Rothschild e a chilena Concha y Toro, que tinha como objetivo a produção de um vinho diferenciado.

A supervisão técnica é feita por ambos e já no lançamento, em 1998, o vinho atingiu reconhecimento internacional. Cabe lembrar que o ano que está no rótulo é o da colheita das uvas e, portanto, em 1998 foi lançada a safra 1996.

O nome do vinho também é especial e referencia um personagem da literatura francesa: Conde de Almaviva, herói da peça As Bodas de Fígaro, de Beaumarchais (1732-1799), eternizada pelo genial Mozart. A forma como o nome está escrito no rótulo é a caligrafia original de Beaumarchais.

Para completar, os desenhos no rótulo são estilizados e mostram como a civilização Mapuche enxergava o mundo e o cosmos.

O Vinho

Cada ano é diferente para o Almaviva. Em um site dedicado exclusivamente a esse vinho – www.almavivawinery.com – há a descrição de cada safra, composição do blend, tempo de barrica e características. Tudo detalhado, demonstrando o cuidado com a produção.

Fabricado inicialmente a partir das castas Cabernet Sauvignon, Carménère e Cabernet Franc, em 2006 ele sofre a adição da Merlot e, mais tarde, da Petit Verdot. É bem interessante ler as fichas técnicas e notar essas diferenças, presentes inclusive no tempo de estágio em barricas.

Eu posso citar três safras que conheci, 2001, 2009 e 2010 e com isso afirmar que uma coisa há de constante: a qualidade.

Almaviva presente em um evento da família Tavares

Almaviva presente em um evento da família Tavares

O equilíbrio do assemblage é impressionante. A potência do vinho, seus aromas, a presença da madeira no ponto certo, tudo parece estar no seu devido lugar e proporção.

As diferenças mais evidentes ficam por conta da maturidade do vinho na garrafa. O 2001 estava, naturalmente, em um estágio de evolução bem mais interessante que o 2010. Por outro lado, a presença da Carménère no 2010 era mais sentida, ano em que a proporção da casta no preparo foi maior, chegando a 29%.

Degustando

Almaviva 2009É um ícone. E como todo ícone, quando colocado na taça seus aromas logo deixam claro que você terá uma experiência diferenciada. Frutas negras harmonizam com um toque de fumo achocolatado. Sua cor é escura e densa, mas brilhante, bonita. No paladar você sente imediatamente a potência, o corpo, um vinho daqueles que você bebe devagar, apreciando cada gota e toda a sua persistência.

Nos eventos em que tive a oportunidade de bebê-lo, não houve quem não ficasse tocado por ele, surpreendido por todos os sentidos despertados por este grande vinho.

Se alguém tem alguma dúvida sobre um vinho extraordinário para uma ocasião super especial, este é, sem dúvida, uma opção fora do normal.

Fotos: Emanuel Alexandre Tavares e um garçom
  • Ao abrir a garrafa
  • Na taça
  • A prova
  • Meia hora depois
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