Pedro Silva Reis, presidente da Real Companhia Velha, foi recentemente eleito Personalidade do Ano, pela Revista de Vinhos. Esta distinção foi anunciada na 26.ª edição de Os Melhores do Ano 2022, evento que premeia diferentes agentes da fileira do vinho e da gastronomia, e coincidiu com a celebração dos seus 40 anos de carreira, inteiramente dedicados à histórica empresa de vinhos do Porto e Douro.

O prémio foi recebido com muita emoção e sentido de agradecimento. No seu discurso, Pedro Silva Reis recordou a distinção atribuída pela Revista de Vinhos à Real Companhia Velha, eleita em 1999 como Empresa do Ano, quando era ainda um jovem aspirante na fileira do vinho. Foi, sem dúvida, um momento muito marcante na sua carreira, que ajudou a afirmar a sua liderança na empresa e a encetar um processo de modernização e inovação, que se mantém até aos dias de hoje. No passado dia 03 de Fevereiro de 2023, em plena Alfândega do Porto, Pedro Silva Reis aproveitou a ocasião para deixar uma mensagem de otimismo e motivação a todos os jovens do setor, afirmando que acredita que, no Douro, o melhor ainda está para vir e que as novas gerações vão ser capazes de mudar mentalidades, atitudes e algumas práticas, encarando o negócio de outra forma, valorizando ao máximo a região e os seus produtos. No que toca à Real Companhia Velha, continuaremos a trabalhar para a posicionar como uma referência incontornável de vinhos de qualidade e a acompanhar a evolução dos tempos.

Depois de uma grande reportagem dedicada a Pedro Silva Reis, em 2022, na edição deste mês, a publicação sintetiza o seu percurso, destacando os momentos mais marcantes. “Começou na Real Companhia Velha, em 1982, como provador de Vinho do Porto. Duas décadas mais tarde chegou à presidência da empresa. E agora acaba de cumprir 40 anos de carreira, sempre de alma e coração na Real Companhia Velha, a mais antiga empresa de Portugal, com uma longa história de quase 270 anos de atividade desde a sua fundação por Alvará Régio de D. José I, Rei de Portugal. Pedro Silva Reis assume que a sua maior conquista foi ter conseguido “revitalizar a empresa e torná-la outra vez jovem apesar da sua vetusta idade” e “trazê-la para o século XXI com vinhos e produtos adequados às tendências atuais da procura do mercado”. Para que tal tenha acontecido, o seu contributo foi primordial, designadamente quando, na segunda metade dos anos 90, contratou o conceituado enólogo californiano Jerry Luper – conhecido pelo seu envolvimento na produção do famoso Chateau Montalena Chardonnay 1973, em Napa Valley – e o então enólogo assistente Jorge Moreira, rostos e agentes da novíssima Fine Wine Division, setor da companhia criado por Pedro Silva Reis para abrir caminho à experimentação e à inovação. Também por essa altura, mais precisamente em 1997, Pedro Silva Reis assumiu a gestão da Real Companhia Velha e iniciou uma profunda reestruturação com ênfase particular na viticultura, para isso contratando uma jovem equipa de agrónomos constituída por Rui Soares, Álvaro Martinho Lopes e Sérgio Soares, e liderada por Luís Carvalho.

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Foi assim – de uma empresa num aparente beco sem saída, sobretudo assente no volume e nos preços baixos – que Pedro Silva Reis restituiu à Real Companhia Velha os seus pergaminhos de nome referencial no setor do vinho, onde começara a carreira como provador de Vinho do Porto no já distante ano de 1982, então recém-regressado de Bordéus, onde se formara em enologia. Mas o curso da vida é inexorável e Pedro Silva Reis já começa a pensar em dias menos marcados pela liderança da Real Companhia Velha – embora sempre no ativo. É o próprio a confessar que, provavelmente, iremos encontrá-lo a breve trecho na sala de provas, a provar Vinho do Porto: “Pelo menos em funções executivas, gostaria de pensar que em meia dúzia de anos estarei a passar a pasta à próxima geração”, uma vez que “é um dever preparar as empresas para estarem sempre atualizadas” e todos os líderes “têm prazo de validade.” E porque acha – sempre – que “o melhor está para vir”, diz acreditar que as novas gerações vão ser capazes de mudar a mentalidade no Douro”, encarando o negócio de outra forma, “de modo a valorizar a região e os seus produtos.”

Eis um excelente pretexto para brindarmos aos 40 anos de Pedro Silva Reis na Real Companhia Velha – e, simultaneamente, à distinção como Personalidade do Ano pela Revista de Vinhos – com dois vinhos com que o próprio assinalou a data num jantar realizado na emblemática Quinta de Cidrô: um Real Companhia Velha Porto Vintage 1938 (“Vinho do Porto do passado a inspirar-nos para o futuro”) e o Royal Oporto Tawny 20 anos, um clássico da Real Companhia Velha que é, talvez – e segundo o próprio confessa – o seu Vinho do Porto preferido. Quando ingressou na Real Companhia Velha, vindo de Bordéus, percebeu logo que era difícil aplicar as ideias que trazia de França nas adegas de dimensão industrial que a empresa detinha. Mas soube esperar pelo tempo certo para dar a volta por cima e deixar o seu próprio cunho na imensa revolução do Douro dos anos 90.”

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