Estamos em vindimas e, depois de anunciada, no início do mês de Agosto, uma previsão no que toca à quantidade, que deveria estar dentro da média, ou seja, a rondar os 61 milhões de litros, é agora tempo de Luís de Castro, presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo fazer novo enquadramento, já com indicadores no que diz respeito à qualidade. Embora completamente atípico e difícil, devido à pandemia da Covid-19, o ano de 2020 continua a bafejar a região do Tejo com “bons ventos”. Tem sido assim ao nível da certificação de vinhos e, por conseguinte, das vendas e também da vindima, com a colheita a revelar-se boa, em quantidade e qualidade.
Este foi um ano complexo em termos climáticos, devido à ocorrência de precipitação na altura da floração, temperaturas elevadas durante longos períodos nos meses de Junho, Julho e Agosto – que já começam a ser habituais, mas que, felizmente, em pouco afectaram o desenvolvimento das uvas –, e de alguma chuva nos últimos dias.
A Primavera foi mais chuvosa que o habitual, o que obrigou os viticultores do Tejo a estarem mais alerta para evitar o aparecimento de doenças nas vinhas, como o oídio, mas principalmente o míldio, que assustou, mas não teve influência numa perda de produção com significado. Constatou-se que nas vinhas da região do Tejo não surgiram contratempos de maior, estando as vinhas saudáveis no início da vindima. O Verão teve muitos dias consecutivos de calor acima do normal, mas sem chegar aos valores de 2018, quando houve escaldão.
Na região dos Vinhos do Tejo temos dois pontos a favor: o rio Tejo que atravessa toda a região e imprime frescura, com manhãs e noites bastante frescas; e o facto de podermos vindimar com o auxílio de máquina. A vindima mecânica permite que se vindima de forma mais célere, ou seja, assim que a uva esteja no ponto de maturação ideal; e, em dias de calor extremo, que se vindime à noite, chegando as uvas à adega nas melhores condições de temperatura e sem oxidação.
A vindima teve início na data habitual, ou seja, no final de Julho, com a casta Fernão Pires (a mais precoce de todas) a abrir as hostes, assim como outras castas para base de espumante. Estamos em finais de Setembro e o corte de uvas brancas está praticamente terminado, com raras excepções, como é o caso de uvas para vinhos de ‘Colheita Tardia’, e o de uvas tintas está a cerca de 80%, pelo que o período de chuvas não deverá prejudicar significativamente nem o ritmo, nem a qualidade das uvas ainda por colher. O término das vindimas é ditado por vários factores – terroir, dimensão do produtor, equipas de trabalho, disponibilidade na adega e tipo de vinho que se pretende – e não se cinge ao corte das uvas, mas também aos trabalhos iniciais em adega, mas deverá acontecer na primeira quinzena de Outubro.
Em termos de quantidade, prevê-se uma produção semelhante à do ano passado, que, no Tejo, já tinha sido um ano dentro da média: cerca de 61 milhões de litros. A qualidade dos vinhos provenientes desta colheita deverá continuar no sentido ascendente, pelo que poderemos contar com boas surpresas.