Era meu aniversário de 50 anos e a noite estava fria em Campos do Jordão. Havia uma lareira no centro do restaurante, minha esposa com seus olhos brilhantes sorria, a noite estava apenas começando e tudo convergia para que fosse ótima. Para coroá-la íamos beber um ícone, um grande vinho, um Don Melchor 2008 Cabernet Sauvignon.
Eu havia comprado essa garrafa de um amigo norte-americano que estava retornando aos Estados Unidos e não teve a oportunidade de abrí-la, há cerca de dois anos. Foi uma espera mais do que recompensada.
No restaurante Davos, em Campos do Jordão, o maitre se encarregou de abrir o vinho, acompanhado pelo sommelier, ambos admirados com a belíssima e elegante garrafa. Como presente de aniversário, não cobraram a rolha. Numa situação como essa, eu naturalmente permiti que experimentasse o vinho.
O Vinho
Mas o que faz desse vinho algo tão especial e reconhecido?
O Don Melchor é produzido a partir da seleção minunciosa de uvas plantadas em Puente Alto, região chilena que está na lista dos 25 melhores terroirs do mundo.
O enólogo Enrique Tirado dirige sua produção desde 1997. Ele é responsável pela seleção das uvas que serão utilizadas. Para isso, a propriedade é dividida em lotes, conforme suas características, e de cada um deles são colhidas as melhores uvas. Esse processo faz com que uma garrafa de Don Melchor seja a soma de todas essas pequenas variações que a Cabernet Sauvignon pode oferecer.
O exemplar que acompanhou nosso jantar era um 2008 e foi marcante do começo ao fim.
Na taça, ele chama muito a atenção. Denso, um rubi lindíssimo, hipnótico, impossível ficar indiferente. Qualquer um diria se tratar de um vinho jovem, 2012 no máximo. Mas é assim mesmo com os vinhos de guarda. Foram feitos para serem bebidos 15, 20 anos depois de engarrafados.
Os aromas demonstram complexidade, potência, te deixam ansioso para provar. Eu quase atropelei o protocolo, mas o momento merecia calma.
E veio o melhor, a degustação. Definitivamente um vinho superior, feito com muito cuidado, complexo, persistente ao máximo, que você fica saboreando muito tempo depois de ter bebido. Os taninos estão lá, como um bom Cabernet, potentes, mas educados, demonstrando que você deve apreciá-lo devagar. Combinou perfeitamente com as carnes que pedimos.
Algum tempo depois de aberto e vem mais surpresas. Os aromas revelam um fumo achocolatado, os paladares ficam mais bem definidos, o vinho evolui e você vai curtindo cada momento, cada mudança.
Foi uma noite memorável, marcante e perfeita. Só se faz 50 anos uma vez na vida, mas a experiência de tomar um Don Melchor eu vou repetir. Vale cada centavo investido.
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Ao abrir a garrafa
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Na taça
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A prova
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Meia hora depois