Minha vida no mundo dos vinhos começou em casa. Lembro que minha avó portuguesa nunca deixava faltar um vinho para acompanhar as refeições. Sempre muito simples, nada sofisticado, nenhuma preocupação com o copo ou o momento, apenas o prazer de beber o seu vinhozinho.
Meu pai foi criado com esse hábito. Seus vinhos eram melhores do que os da minha avó, claro, mas ele sempre manteve um certo equilíbrio entre custo e qualidade. Creio que herdei isso dele. O “seu” Toninho achava bobagem gastar muito em uma garrafa, por vezes se aventurava em vinhos mais baratos. Adorava contar que numa dessas aventuras descobriu um português muito bom, Monte Velho da Herdade do Esporão, e gastava pouco. Hoje esse vinho dificilmente é encontrado por menos de R$ 50,00.
Para minha iniciação eu esperei a maioridade – o respeito ao meu pai sempre foi muito grande e ele não permitia abusos adolescentes – e comecei a beber vinhos nas refeições.
Minha predileção na época foi pela Cabernet Sauvignon, um tanto diferente, pois normalmente iniciamos com uvas mais delicadas para depois nos acostumarmos às mais potentes.
Os portugueses sempre estiveram presentes, mas também apreciava bons brasileiros. Na década de 1990 havia os Almaden Altos e Reserva. Sem nenhuma relação com os vinhos atuais da marca, eram modernos e interessantes. Os Cabernet Sauvignon Reserva eram rubis e brilhantes.
Nos anos 2.000, com um grupo de amigos e o apoio de um sommelier de loja com vontade de crescer, fundamos o que viria a ser a primeira confraria dos supermercados Pão de Açúcar. O modelo era simples: a loja entrava com o espaço e nós (clientes) pagávamos pelo vinho consumido. Queríamos apenas um local e uma oportunidade de beber e conversar a respeito de vinhos.
Logo os resultados apareceram e a loja onde nos reuníamos teve uma alta expressiva na venda de vinhos. Foi muito interessante ver que, depois disso, todas as lojas da rede passaram a contar com confrarias.
De lá pra cá, realizei um curso de sommelier amador na Bacco’s, participei de inúmeros encontros, reuniões e degustações. Vinhos se tornaram uma paixão, algo que, associado ao meu piano, me fazia relaxar.
Uma nova fase
Quando me casei com a Renata, notei que ela tinha muita curiosidade a respeito. Não tinha o hábito de tomar um vinho “fora do almoço de domingo” e conhecia pouco sobre os tipos de uva, a despeito de possuir senso de qualidade.
Tem sido uma experiência muito interessante vê-la aprender, gostar, curtir os momentos em que saímos de nossa vida super corrida e nos dedicamos a tomar um bom vinho, falar sobre ele e esquecer tudo por uma ou duas horas.
Vinhos passaram a ser nossa companhia nas refeições dos finais de semana e, ocasionalmente, no meio da semana, quando nosso dia foi extraordinariamente estressante ou estamos comemorando algo.
Hoje estamos trabalhando juntos nesse site com o objetivo de mostrar à maior quantidade possível de pessoas o quanto é prazeroso parar, respirar, relaxar e beber um bom vinho, essa bebida com mais de 5.000 anos que continua a nos encantar e trazer prazer a todos que se dedicam a entendê-la. Sem detalhes técnicos ou especializados, queremos apenas compartilhar a experiência que é apreciar uma boa garrafa com uma boa companhia.