Durante o feriado da Páscoa, de 25 a 27 de março, realizamos o 4º Evento da Confraria Viva o Vinho, com o tema Vinhos Italianos da Toscana. Como preparação para o evento, fizemos um post bem completo aqui no nosso blog. Para dizer a verdade, estávamos em dúvida ao escolher essa data, por ser um feriado em que muita gente viaja e quer passar o tempo com a família, mas não quisemos pular o mês de março e deixamos assim mesmo. Valeu a pena! Tivemos uma boa participação e pudemos conhecer vinhos bem diferentes!
Eu e o Emanuel começamos o nosso final de semana já na quinta-feira, dia 24: fomos ao Eataly, uma rede norte-americana que é um misto de supermercado e restaurante italiano, e abriu no ano passado uma filial aqui em São Paulo. Lá, eles têm uma seção imensa de vinhos italianos – só italianos! Passamos muito tempo conversando com o sommelier e aprendendo um pouco mais sobre os vinhos da Toscana. Encontramos muita coisa interessante, de todas as faixas de preços.
Compramos cinco garrafas, entre elas um vinho de entrada da vinícola Biondi-Santi, a criadora do Brunello di Montalcino (veja a história completa em nosso post). O Brunello dessa vinícola ainda não está ao nosso alcance – custa cerca de R$ 4 mil a garrafa, aqui no Brasil –, mas poderemos pelo menos experimentar um dos seus vinhos. Ainda está guardado na nossa adega, não abrimos desta vez.
Nossos vinhos
Depois do passeio pela seção de vinhos, fomos ao restaurante do Eataly. Há vários lugares para comer por lá, cada um com sua especialidade – risotos, massas, petiscos, carnes e peixes –, além de um restaurante completo no andar de cima, o Brace, que escolhemos para o nosso jantar. Pedimos uma tábua de queijos de entrada, que veio acompanhada por uma geléia de tomate maravilhosa, nunca tinha provado nada igual. O prato principal foi polvo grelhado, divino.
Para acompanhar, escolhemos um excelente Syrah da Toscana, Achelo 2013, da sub-região de Cortona. Muito aromático, jovem, vivo, brilhante. O final na taça estava curioso, um perfume intenso e diferente do tradicional caramelo – lembrava um bouquet de flores. Apesar de ser um vinho tinto, harmonizou bem com o polvo que, por ser grelhado, tinha um leve toque defumado.
Na sexta-feira, fomos a Santos, no litoral paulista, passar o feriado com a família do Emanuel. Em família portuguesa, o almoço da Sexta-feira Santa não poderia deixar de ser um bom bacalhau (especialidade do Emanuel!) e o acompanhamento foi um vinho português, sobre o qual vamos falar em outra ocasião.
À noite, voltamos para os italianos: o Nº 10 Fonterutoli 2012 foi um ótimo acompanhamento para a pizza. A primeira coisa que chama a atenção é seu brilho na taça. No princípio, estava com seus aromas um tanto fechados e um pouco ácido, “pegando” na boca. Bastaram vinte minutos para que ele se revelasse. É um blend de Sangiovese e Alicante Nero muito bom. Excelente companhia para os queijos fortes da pizza.
Em um final de semana de vinhos italianos, não poderia ser diferente. A comilança foi grande. No almoço de sábado, canelonis aos quatro queijos foram acompanhados pelo Nottola Rosso de Montepulciano. Combinação perfeita. Na Itália, os vinhos denominados “Rosso” normalmente são vinhos de entrada de grandes produtores e o termo é acompanhado pelo nome da sua região de origem. Porém, não se tratam de vinhos assim tão simples quanto os Reservados chilenos. Têm uma qualidade muito superior, são muito bem feitos. Este estava muito bom.
Sábado à noite teve mais pizza, desta vez com a família toda! O irmão do Emanuel resolveu entrar na brincadeira e tinha um Brunello Tenute del Cerro 2009 na adega. Já nós entramos com um belíssimo Castello della Paneretta Chianti Classico Riserva 2011. Fizemos uma degustação comparando duas taças, uma com cada vinho, e ficou difícil dizer qual deles estava melhor. O Brunello, claro estava excelente, mas o Chianti era um Riserva, o que conferia a ele uma personalidade própria, um vinho com aromas e sabores que fizeram com que todos parassem para pensar na qualidade dos vinhos italianos.
Adoramos este evento da Toscana. Experimentamos cinco vinhos diferentes e ainda temos três garrafas guardadas para outras ocasiões!
Também pudemos conhecer um pouco sobre outros vinhos, que nossos confrades do grupo experimentaram durante o evento e compartilharam conosco. Vejam abaixo as fotos e os comentários de todos eles:
O nosso... II Poggione Rosso di Montalcino DOC 2013 "um Rosso fabuloso que representa uma maravilhosa introdução à safra em Montalcino." Segundo o grande crítico Antonio Galloni, este toscano oferece um belíssimo retrato do precioso terroir responsável pelos melhores Brunellos do mundo e completa, "nenhuma outra propriedade é capaz de atingir tamanha qualidade levando em conta sua alta produção." (by Evino Club) Vermelho rubi, frutado, cereja, notas florais... Belo vinho. Abraços a todos. Nosso escolhido foi o Rosso Dei Poggi Toscana IGT 2014, da Badia di Morrona (Gaslini Alberti). Esse aqui é meio que um Chianti "por fora", já que tem 85% de Sangiovese com o restante completado por uvas estrangeiras (Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah). O vinho não estagia em madeira, sendo brevemente envelhecido em tanques de aço inox. Os aromas dominantes são os de frutas vermelhas, porém achei muito fechado e rústico. Muito jovem ainda, eu diria, e precisa respirar bastante para "abrir". Saúde! Um Chianti Clássico, blend de Sangiovese, Merlot e Cabernet Sauvignon. Notas de frutas vermelhas e negras, cerejas e amoras, taninos e álcool equilibrados. Barone Ricasoli é a vinícola mais antiga em atividade na Itália, e não é por acaso que Bettino Ricasoli foi o responsável pela fórmula do Chianti em 1872. Não fui muito feliz na minha escolha. Um Chianti certamente "de entrada". Vinho simples e sem personalidade alguma. Mas valeu a experiência, até acompanhou bem. "Não recomendo" esse especificamente. Preciso provar um "de verdade". Toda a família esperando o "Coelho da Páscoa" com um excelente vinho da Toscana. Boa Páscoa a todos! O meu escolhido foi um branco para harmonizar com o Bacalhau. Apesar da Toscana ser conhecida pelos tintos. Um vinho leve, refrescante e macio. Amarelo palha. Bastante amanteigado, com notas cítricas e um final de boca de melão. Uma agradável surpresa. Super aprovado!Harison Araújo - Manhuaçu (MG)
Edward J. Figueiredo - Cuiabá (MT)
Tati Davico - Guarulhos (SP)
Leonardo Barcellos - Passo Fundo (RS)
Marta Loreta Di Iorio Tavares - São Paulo (SP)
Vanessa Barroso - Rio de Janeiro (RJ)
O que acharam do evento sobre os vinhos da Toscana? Estão preparados para o próximo?
Então vamos lá! Será de 29 de abril a 1º de maio, com o tema Merlot. Sim, a exemplo do evento de Pinot Noir, que fizemos em janeiro, o tema de abril será uma uva específica, a Merlot.
Originária da região de Bordeaux, na França, a Merlot é hoje produzida praticamente no mundo todo. Produz vinhos muito aromáticos, geralmente de corpo médio e taninos redondos.
Um dos vinhos Merlots mais caros do mundo é o Chateau Petrus que, dependendo da safra, pode atingir mais de R$ 30 mil a garrafa.