Don Melchor 2012 – Uma nova safra de um ícone

Todos temos aquele vinho que marcou uma ocasião, que elevou o nível do evento e até foi o protagonista de uma noite inesquecível. No meu aniversário de 50 anos eu tive uma experiência dessas com o Don Melchor 2008, que rendeu um dos nossos posts mais lidos: Don Melchor 2008 – Um ícone, uma grande experiência. Um vinho potente, elegante, maravilhoso.

Diante disso, vocês devem imaginar como eu fiquei quando veio a oportunidade de comparecer ao evento de lançamento da safra 2012 na Wine Brasil, uma bela loja de vinhos localizada na Vila Olímpia.

Fomos recepcionados por Fernanda Franco, que providenciou tudo para que ficássemos à vontade. A loja em si é um “playground de adultos”, com diversos rótulos e algumas raridades, como um Barca Velha 1991(!!!).

Fernanda nos apresentou o espaço para degustação, que logo nos inspirou para levar a Confraria Viva o Vinho para conhecer. Este final de ano já estamos todos corridos, mas 2017 está aí e quem sabe não teremos novidades?

Uma aula de história

Em uma noite mais do que especial, fomos presenteados com uma ótima apresentação sobre o vinho realizada por Eduardo Lopes, sommelier que representava a Concha y Toro.

Muito simpático e solícito, Eduardo mostrou um pouco da história deste verdadeiro ícone da indústria vinícola mundial.

Para quem não sabe, o Don Melchor é um vinho de corte, produzido a partir de vinhedos especialmente cuidados, em um dos melhores terroirs para o cultivo da Cabernet Sauvignon do mundo.

A primeira colheita foi realizada em 1987 e a produção do vinho ficou a cargo de Don Goetz von Gersdorff e Jacques Boissenot, um seguidor de Emile Peynaud, que trabalhou com Don Melchor, o fundador da vinícola, por 26 anos. Hoje o responsável é o enólogo Enrique Tirado. É, portanto, um vinho que já nasceu associado à tradição da família de produzir grandes vinhos e que mantém essa filosofia.

A área cultivada de Cabernet Sauvignon é dividida em seis partes e os vinhos são produzidos separados para depois ser realizado o assemblage. Na mesma propriedade há uma pequena parcela com outras uvas que podem compor o vinho e dar personalidade e estrutura. São Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, mas esta última nunca foi utilizada até hoje.

A título de curiosidade, entre 1987 e 1998 apenas a safra 1995 de Don Melchor recebeu 3% de Merlot. A partir de 1999, somente em 2000 o vinho foi produzido com 100% Cabernet Sauvignon. Todas as outras safras tiveram algum acréscimo de Cabernet Franc, que varia de 1% a 7%. A safra 2012 possui 7% desta casta.

O vinho

Chegado o momento mais esperado da noite, partimos para a degustação. O vinho já havia sido colocado com alguma antecedência nas taças para respirar e todos os presentes estavam de olho e ansiosos.

Logo que peguei minha taça olhei e senti os aromas. Foi, literalmente, uma viagem no tempo para meu primeiro contato com esse vinho.

Lá estava ele. Uma cor densa circundada por um alo rubi brilhante e marcante. Lindo, iluminado com luz focada. Os aromas complexos ainda estavam um tanto tímidos. Na boca, uma explosão de sabor.

Pacientemente girei a taça, buscando uma melhor aeração e fiquei apreciando suas cores e aromas surgindo. Logo vieram as características notas de frutas vermelhas e especiarias.

Ele é um jovem e, como todo jovem, se apresenta “vivo” no paladar, mas com a elegância natural deste vinho. Com potencial de guarda de 25 anos, podemos afirmar tranquilamente que mais uns seis anos farão maravilhas. O que tomei em meu aniversário, guardei por dois anos e estava com sete anos a partir da colheita.

Não é todo dia que temos uma oportunidade como essa. Realmente foi um privilégio.

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