No primeiro evento realizado na fase pós COVID-19 — e seguindo todas as normas de proteção — a CVR Tejo (Comissão Vitivinícola Regional do Tejo) apresentou no dia 3 de junho dez vinhos produzidos com a casta Fernão Pires que são novidades no mercado, seja por serem novas colheitas ou estreias. Por conta das regras da DGS e do número limitado de participantes, desta vez eu estive sozinha na prova, sem a companhia do Emanuel.
Luís de Castro, presidente da CVR Tejo, abriu o evento declarando que, apesar da pandemia global que estamos vivendo, os vinhos do Tejo tiveram um crescimento expressivo nos primeiros meses de 2020. “Com a paralisação total do canal Horeca, no mês de abril houve um crescimento significativo de vinhos certificados como IG Tejo, dentro dos quais a quota de BiB representa, em média 35% e, neste mês, subiu para os 53%”, afirma Luís. Para quem não conhece o termo, Horeca, em Portugal, é o setor da economia formado pelo conjunto dos hotéis, restaurantes e cafés.
Ainda segundo Luís de Castro, todos os meses de 2020, individualmente, tiveram resultados melhores do que o ano passado. “Nosso crescimento total em certificação, de janeiro a abril, foi de 76,26%, com um aumento nas exportações de cerca de 39%”, afirma. Se olharmos para janeiro a maio o aumento não é tão significativo, mas é também expressivo: 63,63% face a 2019. A produção anual de vinhos do Tejo ronda os 61 milhões de litros, sendo cerca de 30 milhões de litros os vinhos certificados.
Além da qualidade crescente dos vinhos do Tejo e do trabalho conjunto da CVR Tejo e dos produtores da região, parte desses excelentes resultados deve-se à agilidade com que a CVR Tejo mobilizou os seus associados no momento em que surgiu a pandemia. “Reforçamos as nossas redes sociais, com lives semanais com os produtores, e abrimos uma loja online ”, diz Luís. Também já foram realizadas provas em Bruxelas e na Polônia. As atividades normais, no entanto, só devem ser retomadas a partir de setembro.
Os novos vinhos com Fernão Pires
Alguns são novas colheitas, outros grandes estreias, e o que todos têm em comum: a Fernão Pires. Casta branca mais cultivada em Portugal, com 7% da área total — ou 13.700 hectares — a Fernão Pires tornou-se um ícone do Tejo, sendo amplamente utilizada na produção de vinhos brancos monocastas ou blends — além de colheitas tardias, licorosos, espumantes e frisantes.
A prova da qual participamos foi conduzida pelo sommelier Rodolfo Tristão. A seguir, uma rápida avaliação que fiz desses novos vinhos:
Maximos’s Branco 2017 (Alveirão)
Castas: 80% Fernão Pires, Arinto, Malvasia Fina e Rabo-de-Ovelha.
Único vinho da colheita 2017 nesta prova, tem um toque mineral e herbáceo bem agradável, evoluindo bem na taça.
PVP: €8,50
Tyto Alba Branco 2019 (Companhia das Lezírias)
Castas: 60% Fernão Pires e 40% Arinto
Proveniente de solos mais arenosos, com a vinha instalada em meio a uma floresta, tem estágio parcial de 5 meses em madeira e batonagem durante os primeiros 2 meses. No aroma é floral e frutado, mostrando grande frescor na boca.
PVP: €5,99
Ninfa Maria Gomes Branco 2019 (João M. Barbosa Vinhos)
Castas: 100% Fernão Pires
É daqueles vinhos que seduzem pelo aroma, com um floral muito agradável. Na boca é mais fresco, com um toque de maçã verde e salinidade.
PVP: €8,50 a €9,50
Conde de Vimioso Colheita Seleccionada Branco 2019 (Falua)
Castas: 50% Fernão Pires e 50% Arinto
Um vinho suave e fresco, muito aromático e excelente para os dias mais quentes. No nariz destaca-se o abacaxi com algum floral. Na boca é elegante e alegre.
PVP: €4,49
Quinta do Casal Monteiro Grande Reserva Branco 2018 (Quinta do Casal Monteiro)
Castas: 100% Fernão Pires
A passagem de 9 meses por barricas de carvalho dá a este vinho um aroma adocicado de mel. Proveniente de vinhas com 35 anos, tem boa capacidade de envelhecimento. A produção é limitada em 2.048 garrafas.
PVP: €12,00
Casal das Freiras Branco 2019 (Casal das Freiras)
Castas: 70% Fernão Pires, Trincadeira das Pratas e Arinto
Apesar de não passar por madeira, tem um aroma que lembra mel. É um Fernão Pires clássico, com boa estrutura e persistência, agradável e fresco.
PVP: €5,40
Quinta S. João Batista Grande Reserva Branco 2018 (ENOPORT)
Castas: 40% Fernão Pires, 30% Chardonnay e 30% Sauvignon Blanc
Um ano de estágio em barricas de carvalho francês faz a diferença nesse vinho, trazendo um toque de frutos secos. O aroma é fresco, não marcado pela madeira, mas na boca sente-se o toque de mel e floral, aliado ao frescor típico das suas castas. É bastante untuoso e equilibrado.
PVP: €24,90
Em breve estará disponível no VivaoVinho.Shop (loja em desenvolvimento).
ACA Branco 2018 (Adega de Almeirim)
Castas: 100% Fernão Pires
Um vinho diferente do padrão da adega. Apesar de ser produzido com a fruta mais madura, isso não se reflete no teor alcóolico, que é de 12,50%. Aroma cítrico, lembrando abacaxi e frutos brancos, com boa persistência em boca.
PVP: €12,00
Dona Isabel Juliana Branco 2018 (Quinta da Lagoalva)
Castas: 35% Fernão Pires, 33% Viosinho e 32% Alvarinho
Eu já comentei antes que sou captada pelos aromas. E esse é um vinho que você não vai querer tirar do nariz — mel, floral, fruta branca e baunilha se misturam com grande intensidade e complexidade. Na boca é fresco, untuoso e com boa persistência. Com produção limitada de 2.500 garrafas, é uma homenagem à avó de um dos enólogos, Diogo Campilho.
PVP: €40,00
Quinta da Lapa Fernão Pirão Branco 2019 (Agrovia)
Castas: 100% Fernão Pires
É um branco que se bebe como tinto, ou um branco como se fazia antigamente. Mais que um vinho branco, Fernão Pirão é um estilo muito particular de vinho: produzido com uvas sobre-maduras, vinificadas com curtimenta e a temperaturas elevadas, que passaram por maceração pelicular e lhe deram um tom alaranjado muito bonito. Com aroma de mel, fruta branca e tostado, tem boa estrutura, volume e fica ainda melhor quando bebido menos gelado (entre 10° e 12°C).
PVP: €8,60
