Ele morava em Santos. Ela, em São Paulo. Ele estava aposentado, depois de trabalhar por anos na Marinha e na exportação de café, viajar pela Europa e fazer inúmeros cursos de vinhos na França. Ela morou nos Estados Unidos, criou dois filhos e trabalhava na área de eventos. Viúvo e divorciada, estavam juntos há 20 anos, morando em cidades separadas. Até que a paixão pelo vinho e por Campos do Jordão os uniu de vez.
Após muito tempo querendo morar perto da amada, seu Cornelio Ridel finalmente convenceu Marilene. Em uma viagem a Campos do Jordão, ele fez a proposta: “Vamos abrir uma loja de vinhos e morar aqui?”. Marilene aceitou e em 15 dias já estavam instalados na cidade. “Foi tudo muito rápido. Montamos a loja em tempo recorde e nos mudamos. Adoro essa cidade”, confessa Marilene, há dois meses na casa nova.
Seu Ridel – que tem o mesmo sobrenome da famosa taça, mas o escrivão esqueceu de colocar o “e” após o “i” quando a família chegou ao Brasil – estava exultante. Afinal, tinha conseguido unir suas duas paixões: Marilene e os vinhos.
Conversa e degustação
Passamos uma tarde toda, junto com outro casal, conversando com seu Ridel na loja Santos Vinhos, que funciona no Aventura Mall, em Campos. Esse senhor de 73 anos tem uma vitalidade e um conhecimento incríveis. É daquelas pessoas que passamos horas e horas ouvindo, absorvendo tudo o que pudermos. Um dos maiores conhecedores de vinhos que já cruzei na vida. O nariz, treinado na exportação de café, ajudou a identificar os aromas das diferentes uvas e terroirs que estudou na França. A curiosidade nata o fez ir muito além do que aprendeu nos cursos.
Seu Ridel nos apresentou a linha Felitche, feita no Chile com exclusividade para sua loja; a Cinco Sentidos, uma bodega argentina liderada por portugueses; e um Sangiovese da produtora italiana Caparzo – “a propriedade dessa bodega serviu de cenário para o filme Cartas para Julieta“, conta seu Ridel, mostrando em um livro as cenas do filme que nós adoramos.
A linha Felitche é caracterizada por vinhos de bom custo benefício. Segundo o seu Ridel, ele valoriza muito os aromas e o paladar para selecioná-los. Realmente são vinhos fáceis de beber e extremamente aromáticos.
Já o Carpazo, é um daqueles que você abre com amigos. Leve, mas com personalidade, aromático, bom para um bate-papo, é possível beber uma garrafa inteira sem perceber.
Quem quiser absorver um pouco do conhecimento do seu Ridel, acompanhe o blog Santos Vinhos. Lá tem muita coisa interessante.
Acho incrível como o vinho aproxima as pessoas e nos permite viver momentos como esse. Foi uma tarde memorável, daquelas que marcam a nossa vida.