Quem nunca se deparou com essas frases?
- “Não bebo vinho no verão porque está muito quente!”
- “Vinho tinto não combina com pratos leves.”.
- “Vinho só no inverno, porque é pra esquentar!”
Pois para nós vinho não tem clima, nem estação do ano. Há momentos. Tem o dia que você quer algo mais leve. Em outro, um vinho mais encorpado. O momento está pedindo. Você já passou por isso?
Semana passada passamos um dia inteiro na rua, de um lado para o outro. Chegamos em casa depois das 11 da noite. A Renata me pediu: “Sabe o que eu quero agora? Um bom banho e um vinho branco geladinho!”. E foi o que fizemos antes de dormir, pra relaxar daquele dia quente e corrido.
Por outro lado, no domingo assamos um cupim e batatas. A companhia natural foi um belíssimo Tannat brasileiro que eu tinha guardado. Questão de gosto pessoal e momento.
O fato é que estamos sempre testando, inovando, e com isso descobrindo novas harmonizações para os vinhos que gostamos.
Espumante Helios Brut com bruschettas
Pinot Noir Salentein Reserva com ostras frescas, restaurante Rufinos, São Paulo (SP)
Mas e o verão?
Verão é tempo de pratos leves, curtir praia, piscina e comer ao ar livre em contato com a natureza. Na praia ou na montanha, há sempre o que fazer nessa época.
Os pratos variam entre saladas, frutos do mar e churrasco com a família e amigos. Para acompanhar, caipirinha, cerveja e… vinho?!?!?!?! Sim, vinho.
Que tal abrir um bom espumante, bem gelado, a beira de uma piscina e curtir a refrescância acompanhado de aperitivos? Vai muito bem com bruschettas e queijinhos leves.
Vinho espanhol Terra d’Uro da uva Tempranillo com salada de berinjela
Os cítricos Sauvignon Blanc, florais Torrontés e elegantes Riesling são boa companhia para pratos leves de peixe e saladas. Os Chadornnay acompanham peixes mais marcantes, como o salmão e o cação, e um pouco mais de condimentos.
E as ostras? Essas que são servidas cruas, com uma pitada de sal e limão, podem ser comidas com qualquer uma das castas anteriores, mais a Alvarinho portuguesa.
Vinho espanhol Terra d’Uro da uva Tempranillo com salada de berinjela
Mas e se eu contar que comi ostras frescas com um belíssimo e aromático Pinot Noir? E se com o bacalhau grelhado abríssemos um Touriga Nacional? Um prato de polvo grelhado pode vir com diversas castas portuguesas, com a Tempranillo espanhola, a Syrah ou mesmo a Sangiovese italiana.
O fato é que há realmente combinações que não dão um resultado adequado para a maioria das pessoas, não apenas por questões de paladar, como químicas mesmo. Experimente um leve filé de pescada frito com um potente Cabernet Sauvignon. Realmente cai estranho e isso não acontece somente com vinhos. Uma vez dei uma golada em um suco de laranja após mastigar bacalhau grelhado. Ficou horrível.
Por outro lado, o polvo à lagareiro é um prato forte e que cai super bem com um vinho tinto. Pessoalmente, nesses casos eu prefiro vinhos de castas portuguesas, espanholas e alguma coisa da Itália. O quarteto francês mais popular – Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Cabernet Franc – não parece combinar muito, mas essa é uma opinião particular. Por outro lado, tomei um Pinot Noir mais denso com camarões grandes fritos e foi ótimo.
A dica é que o vinho tinto seja servido um pouco mais fresco. Quanto ao resto, o importante é ser feliz.
Tudo depende do estado de espírito, desejo de beber, preparo do prato e do vinho. E, mesmo no verão, sempre haverá momento e espaço para um bom Tannat. Quem sabe com o churrasco?