Uma das coisas que eu mais gosto no mundo dos vinhos é que não há verdade absoluta e você tem de estar sempre aberto a novas experiências.
Há alguns anos eu declarava que não gostava de Syrahs. Na época os vinhos desta casta possuíam um retrogosto marcante de pimenta do reino, e se isso era interessante e divertido para muitos amigos meus, para mim era um incômodo. Mas isso mudou, os condimentos continuam lá, mas com mais elegância, e hoje eu simplesmente adoro um bom Syrah.
Digo isso porque minhas experiências com Carménère nunca foram exatamente prazerosas. O herbáceo, lembrando pimentão verde e outras plantas do gênero, nunca me agradaram. Me desculpem, mas parecia coisa de vinho mal feito.
Aí veio o Evento Chile da Confraria Viva o Vinho e não tinha jeito. Apesar dos grandes Cabernet Sauvignon e Merlot chilenos, era impossível não degustar um Carménère durante o evento. Afinal, ela é considerada a uva emblemática do país.
Foram três: um bem simples, um Reserva e este Premium, e sou obrigado a confessar que simplesmente os três me agradaram muito.
Este Orzada Carménère Odfjell 2011 é simplesmente um Carménère muito bem feito. Quando saquei a rolha, me chamou a atenção a cor escura, um roxo marcante. Tingiu a taça com uma cor densa, profunda e ao mesmo tempo brilhante. Os aromas inconfundíveis, marcantes, com os toques herbáceos típicos da casta se misturam a condimentos. Encheu a boca com potência e elegância. Um belíssimo exemplar dessa uva emblemática do Chile.
Fiquei parado olhando para ele, bebendo e curtindo seus aromas e sabores marcantes, a diversidade de sensações que um grande vinho é capaz de entregar, lembrando da minha história com a Syrah.
Talvez seja tempo de rever mais um conceito. E isso é excelente.
Orzada Carménère Odfjell 2011
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Ao abrir a garrafa
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Na taça
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A prova
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Meia hora depois