A Adega do Cartaxo está completando 70 anos nessa semana, e fomos convidados para um encontro onde pudemos conhecer o vinho comemorativo da marca. Tivemos também o prazer de experimentar algumas safras antigas de alguns dos vinhos da vinícola.
Mas antes de falarmos do encontro e dos vinhos servidos, que tal saber um pouco mais sobre essa cooperativa que é o maior produtor da sub-região do Cartaxo e segundo maior produtor do Tejo?
Como tudo começou
A Adega do Cartaxo foi fundada a 05 de maio de 1954 por 20 produtores que se uniram para criar a cooperativa. Era um tempo em que os vinhos do Tejo eram predominantemente vendidos a granel e suas marcas não possuíam a mesma notoriedade de outras regiões. Essa situação perdurou até os anos 1970 e 1980.
Durante 20 anos ocupou um espaço na sede da antiga Junta Nacional do Vinho (atual Instituto da Vinha e do Vinho) e em 1975 muda-se no Sítio da Precateira, na EN365-2.
A EVOLUÇÃO DOS VINHOS DO TEJO E DA ADEGA DO CARTAXO
O cenário dos vinhos do Tejo estava mudando e em 1989 a cooperativa iniciou os primeiros projetos de modernização nos processos de vinificação e engarrafamento. No ano seguinte seguiu-se a reestruturação das vinhas.
Em 1994, o atual presidente Jorge Antunes, entrou para a Adega e em 1998 passou a integrar a diretoria. Ele se lembra que os negócios ainda giravam principalmente em torno da comercialização de vinhos a granel, com valores anuais em torno de 1,8 milhões de Euros.
Entre 1999 e 2000 a Adega começou a introduzir novas castas tintas como Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot, e, mais recentemente, Tinta Roriz. As brancas tiveram que esperar um pouco mais. Em 2012 iniciou-se a produção de Sauvignon Blanc, Chardonnay, Arinto e Verdelho.
2004 – O ANO DA VIRADA
Com 50 anos de experiência, a Adega do Cartaxo adotou uma nova visão estratégica para o aumento da qualidade, diversificação e diferenciação dos seus vinhos, visando entregar produtos com maior valor acrescido.
Para esse objetivo, foram realizados investimentos na modernização da área produtiva, como a aquisição de novas tecnologias para recepção e vinificação com temperatura controlada das uvas e uma nova linha automatizada de engarrafamento. Do ponto de vista ambiental, foi construída uma ETAR.
Investiu-se na notoriedade das marcas, com o estreitamento do relacionamento com enófilos através de provas comentadas, promoção de visitas e incremento do enoturismo com programas especiais durante as vindimas.
Tudo isso colaborou para que em 2023 a Adega processasse 11,7 mil toneladas de uvas (75% tintas e 25% brancas) e produzisse cerca de 9,6 milhões de litros de vinho. O volume de negócios atingiu 10,650 milhões de Euros.
Para já, está previsto um novo investimento de 1,3 milhão de Euros em um novo armazém e na construção de uma adega de microvinificação, muito importante para aprimorar a qualidade e a busca pela excelência.
CELEBRAÇÃO
Como parte da celebração do aniversário, foi organizado um encontro com enófilos para falar um pouco dessa história, apresentar o vinho comemorativo e algumas safras antigos dos vinhos da vinícola.
Curiosamente, os vinhos mais antigos que foram apresentados vieram de coleções particulares, não havia na época a preocupação de guardar vinhos para provas futuras.
É extraordinário como, mesmo tendo sido guardados fora das condições ideais que uma vinícola pode prover, eles estavam tão bons.
A apresentação foi impecável e ficou por conta do Diretor de Produção e Enólogo Pedro Gil.
CELEBRAÇÃO
Como parte da celebração do aniversário, foi organizado um encontro com enófilos para falar um pouco dessa história, apresentar o vinho comemorativo e algumas safras antigos dos vinhos da vinícola.
Curiosamente, os vinhos mais antigos que foram apresentados vieram de coleções particulares, não havia na época a preocupação de guardar vinhos para provas futuras.
É extraordinário como, mesmo tendo sido guardados fora das condições ideais que uma vinícola pode prover, eles estavam tão bons.
A apresentação foi impecável e ficou por conta do Diretor de Produção e Enólogo Pedro Gil.
Bridão Fernão Pires 1999
Nós diríamos que a prova começou com o pé direito com um branco 1999 como esse. É incrível como esse vinho de 25 anos evoluiu bem.
Os aromas já evoluíram para notas de laranja confitada, mas na boca era possível notar a frescura típica da casta.
Estava um vinho guloso, ótimo para acompanhar queijos fortes.
Bridão Fernão Pires 2007
Outro Fernão Pires, um pouco mais “novinho” e mais fresco. Produzido com controle de temperatura, é muito aromático e traz notas de laranja, mel e um toque de hortelã. Na boca é mais fresco que o 1999, claro, e passaria por um vinho mais jovem.
A Adega possui 150 garrafas que comercializará exclusivamente na sua loja online.
Estamos reservando a nossa.
Bridão Fernão Pires 2007
Outro Fernão Pires, um pouco mais “novinho” e mais fresco. Produzido com controle de temperatura, é muito aromático e traz notas de laranja, mel e um toque de hortelã. Na boca é mais fresco que o 1999, claro, e passaria por um vinho mais jovem.
A Adega possui 150 garrafas que comercializará exclusivamente na sua loja online.
Estamos reservando a nossa.
Adega do Cartaxo 1978
Passando para os tintos, esse 1978 ficou cerca de 1 hora no decanter antes de ser servido, e poderia ter ficado muito mais.
Em grande forma para a idade, o primeiro aroma que aparece logo é de café, com um toque de fumo e um fundo balsâmico.
Foi feito a partir das castas Castelão e Trincadeira, vinificado em ânforas de argila com pelo menos 50% do engaço.
Segundo palavras do enólogo Pedro Gil, na época devia ser um vinho duríssimo, pois os taninos deviam estar muito presentes. Mas agora, passados 46 anos, ele estava um senhor educado.
Bridão Reserva Tinto 1995
Esse vinho tem de especial ter sido a primeira safra do Bridão Reserva. Na época ele era vendido a granel, e por sinal vendeu muito.
Venceu o concurso nacional do IVV, junto com o Quinta do Carmo e Adega Cooperativa Cantanhede.
Hoje ele é um vinho maduro e elegante. Apresenta aromas de ameixas secas e taninos maduros na boca. Uma ótima experiência, principalmente se lembrarmos que foi vinificado em cubas de inox.
Bridão Reserva Tinto 1995
Esse vinho tem de especial ter sido a primeira safra do Bridão Reserva. Na época ele era vendido a granel, e por sinal vendeu muito.
Venceu o concurso nacional do IVV, junto com o Quinta do Carmo e Adega Cooperativa Cantanhede.
Hoje ele é um vinho maduro e elegante. Apresenta aromas de ameixas secas e taninos maduros na boca. Uma ótima experiência, principalmente se lembrarmos que foi vinificado em cubas de inox.
Bridão Reserva Tinto 1998
Nesse ano foi adicionada uma parcela trincadeira, o que contribui para termos hoje um vinho mais fresco e floral, tanto no nariz quanto na boca.
É um vinho harmonioso, onde fruta e madeira convivem bem, com um toque de menta no final.
Adega do Cartaxo 70 Anos 2015
A primeira coisa que chama logo a atenção é o fato do vinho comemorativo para o aniversário de 2024 ser da vindima 2015.
Na verdade estamos falando de um projeto que se iniciou à época, com a separação das melhores barricas de vinhos como Desalmado, Bridão Reserva, Bridão Private Collection, e outros.
Isso acabou por produzir um vinho que é um blend de uma grande quantidade de castas, a saber: Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Tinta Roriz.
A produção seguiu rigorosos controles com o objetivo de se obter um vinho diferenciado, como controle de temperatura durante a fermentação e uso de barricas novas.
Foi um ano de grande amplitude térmica e é perceptível uma certa salinidade. Importante lembrar que a Adega fica a apenas 40km de distância do oceano em linha reta.
O engarrafamento foi em 2017 e foram produzidas apenas 1954 garrafas.
No nariz traz notas de frutas silvestres maduras, geleia e especiarias, como pimenta preta, com um toque de baunilha.
Na boca um vinho elegante, para ser apreciado na companhia de carnes vermelhas e outros pratos potentes. Ficará ótimo com bochechas estufadas.
Adega do Cartaxo 70 Anos 2015
A primeira coisa que chama logo a atenção é o fato do vinho comemorativo para o aniversário de 2024 ser da vindima 2015.
Na verdade estamos falando de um projeto que se iniciou à época, com a separação das melhores barricas de vinhos como Desalmado, Bridão Reserva, Bridão Private Collection, e outros.
Isso acabou por produzir um vinho que é um blend de uma grande quantidade de castas, a saber: Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Tinta Roriz.
A produção seguiu rigorosos controles com o objetivo de se obter um vinho diferenciado, como controle de temperatura durante a fermentação e uso de barricas novas.
Foi um ano de grande amplitude térmica e é perceptível uma certa salinidade. Importante lembrar que a Adega fica a apenas 40km de distância do oceano em linha reta.
O engarrafamento foi em 2017 e foram produzidas apenas 1954 garrafas.
No nariz traz notas de frutas silvestres maduras, geleia e especiarias, como pimenta preta, com um toque de baunilha.
Na boca um vinho elegante, para ser apreciado na companhia de carnes vermelhas e outros pratos potentes. Ficará ótimo com bochechas estufadas.
Para fechar, petiscos
Finalizando a prova, houve um coquetel por conta do chef João Saloio, do restaurante Mãe – Cozinha com Amor, que preparou Torricado de Bacalhau, Vitela com Pimento e Bucha de Cachaço.
Foi uma tarde de histórias e grandes vinhos, a melhor maneira de se celebrar uma data como essa.